Olá meus amigos... Antes de mais nada, gostaria de dizer que eu estou adorando escrever este conto, e alias muito feliz pela repercussão dele. Aqui termina a saga de Kriminel, se você não leu as demais parte, corra la e veja, juro que foi feito com muito carinho e que vocês não irão se arrepender. Tem alguma duvida, comentário, critica qualquer coisa quer mandar um oi pra gente da Confraria do Medo?
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Naquele momento, enquanto o corpo inerte do velho jazia sem vida,
Kriminel já havia adormecido nos braços de sua esposa, ele havia
negado a libertinagem, não pois era um ativista da monogamia, obvio
que não, mas naquele lugar ele havia julgado que era perigoso
demais, queria se livrar dos abutres que o caçavam de forma
incessante.
Dormia de forma conturbada, agitado, sendo vítima de pesadelos sem
fim, suando e se retorcendo, balbuciando coisas que sua esposa e
agora também sua filha não conseguem entender, e tentam em vão
acordá-lo.
Todas as cartas estavam alinhadas lado a lado, como um morador de
Nova Orleans, logo Kriminel pode perceber que se trata de apenas os
arcanos maiores, em ordem do Louco ate o Mundo, ele se demora em
analisar, primeiro de forma ampla vendo todas as cartas e depois
observando se não havia nenhuma mensagem em seus versos, ele
pega uma por uma, observa as figuras, mas demora muito para entender
um detalhe, que para um conhecedor superficial, é um detalhe muito
pequeno, Kriminel sabe que são vinte e dois Arcanos maiores, e ele
conta cada um, e logo percebe que ali existem vinte e uma cartas, ele
passa a tentar ver qual era a carta que faltava.
Estavam todas ali, exceto pelo décimo quinto… O Diabo não estava
entre aquelas cartas e ao constatar isso, logo um grande ruido começa
e Kriminel desperta.
Ao meio da tarde quando a maioria das pessoas a bordo do Hiero
começam a despertar, com suas ressacas e dores das diversas orgias.
O barco atraca em um cais de uma vila ribeirinha, como era
conhecimento de todos, o cassino havia disponibilizado uma cota para
o ganhador de um concurso realizado na paróquia desse vilarejo, isso
para dar ao evento um ar de beneficência, e a entrada tardia do
ganhador era apenas para que esse possa ter alguma chance de sair
dali com alguma coisa, tudo para amenizar a consciência dos
milionários a bordo, já que todos imaginam que essa pessoa não
passará de um bobo da corte para diversão, e como a cota dele lhe
garante um montante em aposta, nada muito significativo se comparado
às apostas dos magnatas, e pela lógica se o homem manter sua boca
fechada e sua ganância sobre controle, ele poderá aceitar as
apostas iniciais e deixar a mesa saindo com pouco menos do que
começou, isso por si só já era o suficiente para mudar a vida de
um pequeno agricultor ou de um operário das minas de carvão.
Eis que chega a hora de conhecer o sortudo, a maioria das pessoas do
barco se aglomeram perto da ponte de embarque, para ver quem é o
palhaço que lhes divertirá o resto do cruzeiro, enquanto outros, o
que inclui Kriminel que ainda está um pouco abalado pelo pesadelo,
ao qual se recorda com perfeição, estas pessoas dão a mínima para
essa interrupção tão fútil do torneio.
O homem que aparece é um rapaz que não deve ter muito mais do que
trinta anos, cabelos longos e revoltos, um terno dominical, sapatos
surrados mas muito bem limpos, sem chapéu ou gravata, usando a
camisa aberta ate o meio do peito, dando ao homem um ar casual como
se ele fosse encontrar velhos amigos depois da missa de domingo.
Ostenta um sorriso largo cheio de dentes, grata e estranha surpresa,
todos brancos e bem limpos, mas suas mãos ásperas e rudes denunciam
seu trabalho pesado, talvez no campo. O que mais surpreende é que
ele chama a atenção imediata das “damas” do navio, pois sua
beleza era ímpar, nem muito másculo nem afeminado. Ele atravessa o
convés, dialogando com desenvoltura com as pessoas, ate algumas
pessoas começam a questionar a integridade do tal sorteio, mas
algumas gafes e palavreados gentio, além das marcas do trabalho
pesado, fazem esses conspiradores perderem credito, o homem parece
dissimular o caminho ate Kriminel, que estava distraído no bar,
quando o magnata estava se preparando para sair do balcão tromba com
o já não tão especial plebeu.
_Me perdoe senhor, estava apenas tentando chegar ao bar para saciar a
sede.
_Tome mais cuidado garoto… Ah você deve ser o jogador da cota do
vilarejo, correto?
_Sim senhor, muita sorte minha, meu nome é Malcon, Malcon Maine,
prazer.
Kriminel resignado aperta a mão do plebeu. _Sou Jonathan Kriminel,
já ouviu falar?_ Kriminel estranha, mas já sente certa afeição
pelo jovem.
_Claro… Ate o Diabo conhece o seu nome senhor… Agora se me der
Licença, realmente tenho sede, e me disseram que a bebida no barco é
por conta da casa.
Kriminel não responde, estava estático com as palavras do homem,
apenas acena a cabeça e segue seu caminho ate as mesas dos jogos.
A partir daquele ponto, Kriminel passa a vencer de forma assustadora
todos seus rivais, e aposta após aposta, mesa após mesa, Kriminel
vai escrevendo sua história no poker, aquele torneio estava ganho,
ate o magnata sempre tão arrogante e confiante, passa a ficar
surpreso com as suas vitórias, chega a esquecer completamente aquele
sonho, e rapidamente acumula o suficiente para não haver mais
oponentes.
De outro lado Malcon o plebeu, caminha, com alguns tropeços, mas
muitas vitórias geniais, ele vai desbancando cada um, passando de
plebeu a milionário em apenas alguns jogos, ele vai traçando seu
caminho ate o momento em que se senta apenas ele e o magnata Jonathan
Kriminel, frente a frente Kriminel fala.
_Malcon correto? Que surpresa, acho que agora também lhe chamo de
senhor… Congratulações meu jovem, se estiver interessado, tenho
uma proposta para você, lógico se você deixar essa ideia de Poker
de lado.
_Desculpa
senhor Kriminel, mas sou muitas coisas, menos desonesto, na verdade
eu jamais menti… Então eu recuso, quero ir ate o fim.
Kriminel
da de ombros e faz uma careta de trágico, e logo eles começam.
Todos
estão rodeando a mesa, mas a organização do torneio colocou um
cordão para isolar os participantes. A esposa e a filha do magnata
estão olhando e sorrindo da cena, seria interessante ver Jonathan
dar fim a ganância
e a arrogância daquele plebeu. E como era de se esperar, Kriminel
ganha facilmente, várias
mãos, uma após a outra… ate que o jovem Malcon em uma rodada de
desespero desafia Kriminel em “All In”, logicamente o magnata
aceita… E perde… Agora Malcon estava ocupando mais
confortavelmente seu acento, cruza as pernas e sorri para Kriminel,
este se enfurece com tamanha ousadia e crava seus olhos furiosos em
Malcon… Ele perde mais uma… E outra… Sete vezes e suas apostas
mínguam
a medida que as de Malcon se
engrandecem… as roupas de Jonathan se ensopam de suor, e ele passa
a fumar um cigarro atrás de outro, ate começar a tossir muito. Ao
mesmo tempo que Malcon fica ainda mais sorridente sem tirar os olhos
do velho a sua frente… E ele perde mais uma… Muitas… Tudo.
Quando
os organizadores começam a se preparar para encerrar as apostas e
declará o agora multimilionário Malcon vencedor, Kriminel já todo
acabado, com as roupas frouxas se levanta em um pulo e esbraveja.
_NÃO!
NUNCA! Não vou perder para um rato… vou apostar mais, aposto
metade de minhas propriedades… Tragam-me minhas escrituras…
AGORA!!!
Como
Kriminel sempre levava os documentos originais consigo, pois confiava
somente nele mesmo, logo as escrituras de suas terras estavam em
mãos, ele separa metade e coloca sobre a mesa. Malcon em silêncio
ate então sorridente responde, analisando-as e separando o
equivalente em fichas da mesa do lado, pois eram tantas que não
cabiam mais naquela em que se sentava.
_Aceito
de bom grado senhor!
Diante
disso os organizadores mesmo demonstrando muito nervosismo não podem
recusar, eram as regras do poker.
E
o magnata sofre com uma mão miserável, sua mente trabalha rápida e
logo ele calcula que suas posses todas somam mais do que tudo que
Malcon tem ali, e ao se ver encurralado ele desafia um blefe, agora a
cara compenetrada e inexpressiva, que é uma regra básica do jogo,
já não faz o menor sentido, e usando de dissimulação ele explode
em gargalhada e joga todos os documentos sobre a mesa verde gritando
“All In”, o jovem apenas levanta os braços como fez Pôncio
Pilatos e coloca tudo que tem aceitando o desafio… Diante dos dois
pares de reis de Kriminel, Malcon exibe uma quadra de ases…
Kriminel deseja gritar em protesto, era roubo sem dúvida, mas os
juízes do jogo já estavam prevendo essa reação e estão com as
mãos em seus coldres, fazendo Kriminel baixar os ombros e derramar
lágrimas, por algum tempo ele fica assim com a cara enfiada em suas
mãos, pois havia perdido tudo… quase tudo, em um delírio ele
levanta sua carranca despenteada e olhando nos olhos de Malcon ele
fala em tom baixo e derrotado.
_Ainda
me falta uma aposta… _ Ele aponta para sua esposa, ela era mestiça
de francesa, uma beldade das terras da Luisiana, muito mais jovem que
seu esposo que agora lhe joga como aposta, ela fica imovel, não
consegue crer no que estava acontecendo.
_Não…
Muito pouco velho… Aceito as duas!_ Malcon se referia a jovem filha
do casal, uma linda garotinha de dez verões, que estava aos soluços
vendo o que o pai estava fazendo. Este que de início
pensa, não conseguia mensurar a ganância
do homem a sua frente… Mas sem saída ele aceita, tenta lhe
convencer que era o melhor, já que agora ele estava miserável,
ao menos, mesmo se elas fossem escravas de Malcon, ele poderia dar um
prato de comida por dia para elas… Aceita por fim… E perde.
_Levem
as duas para minha cabine… Vou me juntar a elas quando acabar com
esse velho a minha frente._ Kriminel estava em choque, sequer ouve os
gritos das duas que eram arrastadas pelos corredores do Hiero, nem
que a maioria dos tripulantes do navio agora agiam de forma como se
hipnotizadas, seguindo cada ordem de Malcon.
_Mais
alguma aposta senhor Kriminel?
_Sim…
Eu aposto minha alma contra tudo que você tem… Aceita?
_Com
o maior prazer…
O
crupiê que estava tão assustado que tremia, mal conseguindo
embaralhar, deixando as cartas caírem duas vezes, mas Malcon passa a
mão nas mãos do adolescente que para de tremer de imediato,
voltando a destreza habitual e distribuindo as cartas. A mão segue
em silêncio completo, ate a última
rodada, já que não havia aposta, era um “All In”. Jonathan
custa a focar no jogo, demorando a entender sua mão… e
quando ele percebe mal pode crer, ele havia conseguido, uma quadra de
asses, ele olha para seu nêmesis e mostra a mão…
_Sabe
senhor Kriminel… Sabe por que estou aqui? Por que sua alma foi
posta a prêmio,
porém
ela não pertencia aquele que a colocou… Sua alma sempre foi minha,
sempre, você sou eu e eu sou você e juntos somos um… Sabe onde
estava a carta do arcano XV? Aqui na sua frente… Sou o Diabo e o
Diabo é o melhor de você… Então eu ganhei, novamente eu tenho
você novamente… Antes que alguém viesse eu vim!
Malkuth
revela sua mão… Um Straigh Royal Flush… e em um frenesis
implacável,
as pessoas do Barco se lançam sobre Kriminel, e o seguram, enquanto
uma pessoa vem ostentando um machado, e com esse, as
pernas do derrotado são
separadas,
ainda vivo, ele pode ver o
machado descer para decepar-lhe a cabeça. Malkuth
então se levanta calmo e
começa a seguir para sua cabine, para gozar de seus outros prêmios,
quando o organizador ensanguentado lhe interrompe.
_Senhor,
o que fazemos com o corpo?
_Jogue
no Mississípi, lá ele deve repousar!
_Antes
de ir senhor, deve assinar estes papéis das escrituras.
Então
Malkuth, saca
uma caneta tinteiro do casaco no corpo de Kriminel e usa seu sangue
para enchê-la, depois assina em cada documento o nome Arcano
XV.
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