04/09/2015

Flush do Arcano XV #2


Boa noite meus amigos, desculpem minha ausência, mas esses dias foram complicados, a base de tosses e xaropes, espirros e antialérgicos. Mas estamos de volta, agora com a segunda parte do conto do velho Mississípi, a jogatina começa. Espero que gostem, não se esqueçam de curtir a pagina do Facebook (Blog Maldição) e nos contem o que estão achando. Para continuar este texto é necessário ler o primeiro, vale a pena o esforço ja que este conto abre uma fase ousada do nosso Site! Boa Noite e boa leitura a todos.



A noite nas águas do Mississípi estava linda, iluminada por uma enorme Lua prateada e os vaga-lumes do pântano que dançavam brilhantes tentando imitar as estrelas. Havia silêncio naquela noite, mas este era quebrado ao longe pela algaravia do motor a vapor e das engrenagens dizendo que as noites do mundo jamais voltarão a ser silenciosas como eram antes.



O Hiero, barco luxuoso dedicado aos pecados da cobiça, avareza e lógico a luxuria. No salão principal, assim como no convés estavam abarrotados, a minoria era de jogadores abastados com as fortunas desta Terra, eram pessoas que lucraram imensamente com a Guerra Civil, os demais sendo pessoas de alguma forma, poucas vezes honestamente, conseguiram estar ali aquela noite, como abutres que rondam as carcaças de lobos moribundos. Antigos figurões falidos e suas filhas que caçam por uma cama que lhes renda alguns dólares.

Claro que dentre todos o que mais se destaca é Jonathan Kriminel, não somente pelos abutres e suas filhas prostitutas, mas principalmente por seus rivais, já que seu poker era lendário. Poucos ali se lembram de fato do torneio que está por vir, mas os que o fazem não perdem Kriminel de vista.

Enquanto todos se enchiam do bom whisky oferecido de graça, os organizadores, homens de silêncio, pessoas que ninguém ouviu falar antes, velhos carrancudos que nada tem a ver com as risadas embriagadas que ecoam do convés. Eles já tem sorteadas todas as cadeiras, algumas vazias pela falta de coragem.

Magnata estava sorteado na décima quinta mesa, com mais oito jogadores, e a meia-noite o torneio se inicia.

Agora a cacofonia desaparece quando todos os jogadores já sentados, confortáveis e com as mãos suando sedentas para tocar os ases, Kriminel observava com desdém seus rivais, sorrindo a cada um, agora sério quando observa que o velho inglês estava sentado junto a ele.

— Vou mostrar a você nas cartas como nós mandamos ingleses para casa!

O homem apenas dá de ombros e observa o croupier que graciosamente passa o baralho lacrado para inspeção de todos os jogadores e depois abrindo-o embaralhando com destreza.

Kriminel assume sua postura, organiza suas cartas sobre a mesa, observando as que são reveladas sob o pano verde, então ele passa a fitar o nada, impassível, ele aceita todas as apostas e vence a primeira rodada. O processo se repete mão após mão, sem grandes triunfos e duas derrotas embaraçosas, mas ele não recua, jamais desiste, prefere a derrota, assim como sempre ocorre ele tece vagarosamente a teia deixando seus rivais confortáveis para errarem.

Até que tarde da noite, um por um dos oponentes vão sendo devorados por ele restando apenas o velho inglês. Agora os olhos de Kriminel estão cravados nos do velho homem, na sua face ainda se expressa nada além de um frio desdém. Kriminel perde as três mãos seguintes, gerando naquele senhor uma espécie de esperança já que aquelas apostas eram tudo que lhe restara. Ele era um fazendeiro colono de família tradicional inglesa, mas ele havia nascido em chão americano.

Afobado com uma mão excepcional o velho desafia Kriminel com “ all in “ o magnata o olha espantado e aceitando a aposta pergunta

_ Tem certeza disso velho ??

_ Tenho fé. Responde ele convicto.

_ Eu não acredito na fé, apenas nos naipes, você tem que pagar. Sabe o que está por vir ??

Com um aceno Kriminel pede para o inglês revelar sua mão que se mostra uma trinca de Reis, enquanto Kriminel revela a sua um belo “Flush de Paus”, impecável, ele sorri enquanto o velho desaba miserável.

A noite prestes a acabar o velho, agora paupérrimo, em sua cabine com os olhos vidrados no teto, com sua Colt em mãos ele sussurra como se rezasse.

_ Para qualquer um, demônio ou anjo, a quem interessar quero vingança troco minha alma pelo sangue do bastardo Jonathan Kriminel.

O barulho do disparo é ignorado por quase todos. Quase todos, mas não todos...


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